Advogada Stella Assange, mulher de Julian Assange, fala em encontro com grupo de personalidades brasileiras da iminente extradição do marido
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- Realizado remotamente na última quinta-feira (24/08), o encontro reuniu os ex-ministros Paulo Sérgio Pinheiro, Paulo Vannuchi e Luiz Carlos Bresser-Pereira, o advogado criminalista e ex-secretário de Justiça e Segurança Pública de São Paulo, Antônio Claudio Mariz de Oliveira, e José Luiz Del Roio, ex- senador da Itália e ex- membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, Estrasburgo, França
- Participou da conversa o jornalista Kristinn Hrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks desde 2010 e detentor de prêmios internacionais por coberturas investigativas
- O grupo anunciou a formação do Comitê pela Liberdade de Julian Assange, que atuará no plano jurídico-institucional e na abertura de novos canais de diálogo
São Paulo, 25 de agosto de 2023 – Diante da perspectiva de extradição do jornalista australiano Julian Assange para os Estados Unidos nas próximas semanas, o encontro de Stella Assange com estas personalidades da vida política brasileira, todas com reconhecido trabalho na defesa dos direitos humanos e da democracia, teve por objetivo discutir estratégias que possam impedir o pior desfecho: a remoção forçada de Assange para uma prisão de segurança máxima americana, para cumprir pena que pode chegar a 175 anos, com base em 18 acusações que foram feitas a ele por um tribunal no estado da Virgínia. Assange está preso em Londres desde 2019 e prevalece na Justiça britânica a tese de acatar e executar o pedido de extradição feito pelos Estados Unidos.
“Temos pela frente a nossa última linha de defesa”, ite Stella, advogada formada pela Universidade de Oxford e que há anos integra o núcleo de defesa jurídica do hoje marido, com quem tem dois filhos. “Precisamos aumentar a pressão sobre os países, para que se manifestem em relação a este caso que é um escândalo repleto de ilegalidades”. Stella lembra que o marido foi enquadrado na Lei de Espionagem dos Estados Unidos, sendo um jornalista no exercício da profissão, e que, por ser estrangeiro, não contará com a proteção da 1ª Emenda da Constituição americana, que protege a liberdade de expressão. “Armaram uma armadilha perfeita para ele”.
Para Kristinn Hrafnsson, “qualquer pessoa interessada no devido processo legal deve se interessar pelo destino de Julian Assange. Trata-se de um caso de flagrante violação de direitos humanos e de princípios”. Hrafnssson salientou o grave precedente que se abre pelo enquadramento de um jornalista em legislação de espionagem. “As revelações do Wikileaks, em parceria com grandes veículos da imprensa, expam abusos cometidos contra milhares de civis em guerras, além de outras violações registradas em telegramas diplomáticos. Talvez tenha sido a maior empreitada jornalística da década”.
Stella e Kristinn foram ouvidos atentamente pelo grupo brasileiro, que anunciou no encontro a formação de um Comitê pela Liberdade de Julian Assange, através do qual pretende abrir novos canais de diálogo com autoridades, não só no Brasil. Para o criminalista Mariz de Oliveira, o que se construiu contra Assange nos Estados Unidos lembra um tribunal de exceção. Para Paulo Sérgio Pinheiro, “a hora é de fazer pressão, com a máxima urgência”. O comitê deverá atuar no meio jurídico e em contato com lideranças políticas e fontes diplomáticas, especialmente europeias, para que rompam o silêncio em torno do caso. Para Stella e Kristinn, o apoio já declarado do presidente Lula a Julian Assange e a presença internacional do Brasil hoje são fatores decisivos para se tentar barrar a extradição.
Confira o debate na íntegra neste link.